quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Entrevistas nas quais participei em 2009

 No ano de 2009, tive o oportunidade de ser entrevistado pela jornalista Anne Oliveira para o jornal "O Estado RJ". Foi interessante a experiência de discutir temas da atualidade com uma visão de psicologia aplicada. Confira as matérias sobre a síndrome do ninho vazio (clique aqui) e sobre alcoolismo e violência doméstica (clique aqui).

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Festas de fim de ano e nossas incoerências


Acabo de ler um artigo do Calligaris que me fez refletir sobre a prática de dar e receber presentes no Natal. Nele, o autor disse que o principal motivo de presentearmos alguém deveria ser agradar, “produzir a maior satisfação possível no presenteado”. E então questiona que essa seja a única motivação. Muitas vezes oferecemos presentes sem nenhuma consideração pelo gosto do outro, pois só precisamos cumprir uma tarefa. É incrível como o sentido, a essência das coisas se perdem e transformam-se em algo distante do original. A começar do próprio Natal que perdeu o sentido para muitas pessoas (incoerência de cara refletida no fato de dar presentes sendo que o “aniversário” é de outro). Acredito que esse movimento de transformação tem suas raízes no que é próprio do ser humano, que é mudar e ter inúmeras possibilidades do que se pode vir a ser (ou ter). Mas algumas vezes essa mudança resulta em algo deformado, distorcido e sem sentido. Questiono essa influência de mercado, de consumo, que nos faz crer que não temos o que é suficiente pra estarmos satisfeitos. Muitas vezes não temos mesmo tudo. Nos comparamos e saímos perdendo, não podendo corresponder ao ideal compartilhado e disseminado pela mídia. E aí vêm todos os planos que não cumpriremos no próximo ano, mas alimentam a esperança de termos metas a serem alcançadas para que tenhamos sentido em continuar. Ouvi, numa dessas vinhetas de fim de ano de algum canal de TV que dizia que “como todo ser humano, ano que vem quero tudo”. Achei muito interessante a manifestação da idéia de que só seremos felizes dentro da plenitude, da saciação total. E assim seguimos nos vendo cada vez mais incompletos, insatisfeitos e frustrados. Fim do ano: época de reflexões e tempo de questionarmos nossas idéias compradas e rígidas.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Moral da história: prefira os fatos!


Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco... Eles ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia:
- Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?
O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo. Numa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira.
A aldeia inteira se reuniu, e disseram:
- Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!
O velho disse:
- Não é necessário tanto alvoroço. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento. Se se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque este é apenas uma interpretação. Quem pode saber o que vai se seguir?
As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um pouco louco. Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo. Novamente, as pessoas se reuniram e disseram:
- Velho, você estava certo. Não se trata de uma desgraça, na verdade provou ser uma benção.
O velho disse:
- Vocês estão se adiantando mais uma vez. Apenas digam que o cavalo está de volta... Quem poderá saber se é uma benção ou não? Este é apenas um fragmento. Se você lê uma única palavra de uma sentença, como poderá julgar todo o livro?
Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente sabiam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo...
O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas. As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram. Elas disseram:
- Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas, e na sua velhice ele era seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca.
O velho disse:
- Vocês estão obcecados por julgamento. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma benção. A vida vem em fragmentos; mais que isso, nunca é dado.
Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois se recuperava das fraturas. A cidade inteira estava chorando, se lamentando porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria.
Elas vieram até o velho e disseram:
- Você tinha razão, velho. Aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos se foram para sempre.
O velho disse:
- Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Mas somente Deus sabe se isso é uma benção ou uma desgraça. Na verdade, a jornada nunca chega ao fim. Um caminho termina e outro começa: uma porta se fecha, outra se abre. Aqueles que não julgam estão satisfeitos simplesmente em viver o momento presente e nele crescer...
(autor desconhecido)