quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O teste de Rorschach beneficia um terapeuta cognitivo?


Inspirado na palestra a qual fui convidado a realizar ontem, junto a alguns estudantes de medicina, na disciplina de psiquiatria da Universidade de Brasília – UnB, escrevo este post. Nada muito novo, pois no livro “A prática clínica da terapia cognitiva com crianças e adolescentes”, Friedberg e McClure escrevem que: “Muitos terapeutas cognitivos contam com dados de entrevista e informações recolhidas de instrumentos de avaliação, a maioria deles usa medidas de auto-relato e escalas. (…) Técnicas projetivas, como o Teste de Apercepção Temática (TAT) (…) e o teste de Rorschach (Exner) são usados por alguns clínicos cognitivo-comportamentais”.

O Rorschach é um instrumento psicológico em que a percepção de um borrão de tinta pelo sujeito é transformada em dados para posterior comparação estatística e interpretação. Há vários sistemas de interpretação que possibilitam a organização das informações obtidas e integração à uma teoria. Os sistemas de base psicanalítica utilizam as pranchas do teste de forma a suscitar associações. No método Exner, a percepção do indivíduo é o foco e os dados são considerados dentro de comparações estatísticas para definições sobre as forças e fraquezas do indivíduo.

A polêmica se refere ao fato da classificação do Rorschach como técnica projetiva e, por falar de projeção (quando as pessoas atribuem seus elementos internos a objetos ou eventos externos), implicaria no uso da psicanálise para sua utilização. Contudo, segundo Weiner, o próprio Rorschach não mencionou a projeção na sua monografia sobre o instrumento. Isso não quer dizer que a projeção não se manifeste em algumas respostas ao teste. Exner veio mostrar que a projeção não é inevitável, mas também não é essencial ao Rorschach.

A interpretação dos dados faz-se agrupando-os em módulos, referentes a sete componentes do funcionamento da personalidade, que propiciam a interpretação:

· Módulo: processamento da informação, relativo a como as pessoas dirigem sua atenção ao mundo.

· Módulo: mediação cognitiva, que envolve o modo como as pessoas percebem os objetos de sua atenção.

· Módulo: ideação, que consiste no modo como as pessoas pensam sobre o que percebem.

· Módulo: controle e tolerância ao estresse, associado aos recursos adaptativos de que as pessoas dispõem para lidar com as demandas e gerenciamento do estresse.

· Módulo: recursos afetivos, que compreende o modo como as pessoas lidam com as situações emocionais e como vivenciam e expressam os afetos.

· Módulo: autopercepção, associado a como as pessoas percebem a si mesmas.

· Módulo: percepção interpessoal, que investiga como as pessoas percebem os outros e se relacionam com eles.

Pelo Sistema Compreensivo de Exner tratar de, por exemplo, processamento da informação numa interpretação de Rorschach e partir da suposição que há uma diferença na percepção de indivíduos segundo o transtorno mental que apresentam, é notório que uma compreensão para além da psicodinâmica é clara e possível. Nada seria mais ‘cognitivo’.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Você ganharia sendo mais assertivo

Assertividade é uma palavra que quase todos os meus pacientes ouviram ou ouvirão. De fato, é um estilo de pensar e comportar-se que previne problemas nas relações sociais e desgastes emocionais. Quando uma pessoa não é assertiva, tem atitudes agressivas ou passivas frente às demandas dos outros e isso desencadeia transtornos de várias ordens.

Você já teve dificuldade para dizer não? Concorda com tudo para não arrumar confusão? Não desiste até que concordem com você? Precisa gritar para ser ouvido? Se sim, você economizaria no desgaste se fosse mais assertivo.

É algo que vem pelo treino nas situações cotidianas. Ser assertivo é o meio do caminho no contínuo da passividade-agressividade. Decide-se por ser assertivo no lugar de continuar sendo reativo.  Trata-se de uma comunicação clara e sem rodeios, mas não significa falar tudo o que vem à cabeça. O diálogo é valorizado e priorizado em todo o tempo. É considerar que o outro tem seu direito apesar de você estar reivindicando o seu. Entretanto, ser asssertivo não garante que os outros ajam de acordo com nossa vontade. Isso é manipulação e não assertividade.

Como disse Vera Martins em seu livro: Seja assertivo!

“Pessoas que agem de forma madura, canalizam as emoções e sentimentos para resultados positivos e produtivos. Esse equilíbrio equivale a um bom senso no uso da racionalidade para administrar as emoções. Uma pessoa assertiva vence pela influência, atenção e negociação, oferecendo ao outro a opção pela cooperação. Não oferece retaliações e estimula a comunicação de mão dupla.”

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Para largar o cigarro


Aprenda a largar o cigarro de uma vez: http://migre.me/9wUc
Lá eles citam:

PEÇA AJUDA

Nem sempre força de vontade é o suficiente para largar o fumo. Procure um médico. Ele pode indicar medicamentos e grupos de terapia cognitiva. Os remédios diminuem a ansiedade e o prazer causado pela nicotina.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Nosso cérebro admirável - curiosidades

Lendo uma revista, achei um artigo muito interessante sobre o cérebro. Nada tão novo assim. As analogias foram legais. Esse órgão está me interessando cada vez mais e segue parte do texto:
De todos os órgãos vitais, o cérebro é o mais exagerado. Ele é três vezes maior, em proporção à massa do corpo, do que o cérebro dos primatas. Utiliza 20% da energia do corpo quando em repouso e seu tamanho torna difícil e perigoso o momento do parto. Tem volume pouco superior a um litro. Apresenta a superfície enrugada como uma esponja e a consistência de um pudim. É suficiente compacto para não se desmanchar dentro da caixa do crânio, mas mole o bastante para ser furado com um biscoito.
Em qualquer momento da vida do indivíduo, boa parte dos circuitos de seu cérebro mostra-se única e pessoal, pois é reflexo de sua história particular fruto de ambientes físicos, culturais e sociais nos quais ele viveu.

E a consciência? A alma? onde se localiza? Não se pode separar a mente do cérebro. Acredita-se que se deve ao funcionamento do todo e não de partes.

(extraído e adaptado da revista Planeta de dezembro de 2008)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Action Day – Mudanças Climáticas e o estresse

Hoje, em todo o mundo, blogs estão engajados para falar sobre mudanças climáticas. Resolvi aceitar o desafio de escrever, dentro da proposta deste blog, algo sobre o assunto.

As atuais constatações sobre a mudança no clima geram estresse e ansiedade nos habitantes do planeta. Essas mudanças, qualificadas como perigosas e ruins, são resultado de atitudes. E nossas atitudes são construídas com base naquilo que pensamos e interpretamos da nossa realidade. Se pensarmos que não há problema em desmatar áreas, traficar animais silvestres, consumir mais e mais petróleo, etc., continuaremos (enquanto humanidade) com esse mesmo comportamento e teremos na contrapartida vários “males naturais”. Nos tornamos egoístas com gerações futuras, além de acreditar de forma ilusória que nem mesmo estaremos aqui, vivos, quando a coisa ficar realmente feia. Atitudes tomadas à despeito das consequências e sem empatia nenhuma com outras formas de vida da Terra nos colocam num patamar de sociedade perversa, psicopática de certa forma.

Novas crenças a favor da natureza podem deixar de serem utópicas. Viram realidade numa prática construída à cada dia de pequenos gestos que todos estamos cansados de ouvir. Solução: refletir para atuarmos de forma mais sustentável e muitas vezes fazer algo sem esperar que todos façam também.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Pensamentos e perfomance esportiva


Ao assistir um programa de televisão que falava da rotina de treinos de Cesar Cielo, fenômeno do esporte nacional, achei interessante a ênfase que seu treinador Brett Hawke dá à preparação psicológica dos seus atletas. Hawke acredita que, quando era competidor velocista, o que o fez perder nas competições foi a tensão no dia de provas importantes. É claro que o treino físico e o lugar de excelência para os treinos faz a diferença. Mas, depois de haverem treinado muito fisicamente, há uma complementação mental durante os treinos onde, por exemplo, é criado uma atmosfera de competição diária, o que acostuma o atleta à tensão do dia da prova. O treinador diz que “os atletas precisam ter uma cabeça boa para ganhar. Nos campeonatos vão ser massacrados e precisam lidar com isso”. Estabelece com os atletas novas metas para que fiquem sempre estimulados, fazendo com que seu índice alvo seja sua referência, superando as próprias marcas sem se preocupar com comparações. Hawke reconhece que Cielo evoluiu desde que chegou aos Estados Unidos, em 2006. "Ele cresceu fisicamente, amadureceu e mentalmente está muito forte. Ele acredita em si mesmo”.

Tão diferente foi o impacto de ver a equipe feminina de ginática olímpica aos prantos e à deriva nos seus desesperos. Até quando ficarão sem essa preparação?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Terapia ajuda a emagrecer?


Não se deixe enganar pelo título do livro que parece algo do tipo auto-ajuda. O livro Pense Magro, da autora e psicóloga Judith Beck, mostra como complementar a rotina de dietas e exercícios usando o pensamento a favor da meta de emagrecimento. Muitas pessoas com sobrepeso sabem que apesar da ótima dieta e de uma prescrição de treinos físicos sob medida, acabam abandonando a meta devido a pensamentos sabotadores do tipo: “Só mais esse brigadeiro”, “Depois de tudo que passei, eu mereço comer o quanto quiser”, “Não é justo que não possa comer isso”, etc.

J. Beck diz: “Com uma programação mental adequada, qualquer dieta razoável dá certo”. E não se trata de repetir diante do espelho o pensamento certo. Não é, como no livro O Segredo. O universo não vai te fazer magro de forma inerte. É pelo uso de técnicas cognitivas e comportamentais que há a mudança de crenças sobre a alimentação e, então, o alcance de uma forma física mais favorável torna-se possível. O programa que consta no livro estabelece seis semanas de transformação dos padrões de pensamento que ajudarão o indivíduo a emagrecer.

Judith mantém a dez anos o mesmo peso e tenho vários amigos que, ao aderir à Dieta Beck, apresentam uma redução no sobrepeso que é notável.